Encontro é um diferencial e traz grandes benefícios para o atendimento e tratamento dos pacientes

No mês de junho, a reunião multidisciplinar da oncologia torácica do Hospital Madre Teresa completa 5 anos, um marco importante na história da equipe e também do HMT.

O encontro, hoje online, teve início de forma presencial em 2019 e foi capitaneado pelo Dr. Leonardo Brand, cirurgião torácico e coordenador da reunião, que conta com um time de diversas especialidades.

O radiologista Dr. Pedro Lopes, um dos participantes, afirma que a reunião se tornou um fórum crucial para a troca de conhecimentos e experiências para promover as melhores práticas na oncologia torácica no HMT. 

“As apresentações de casos clínicos nos permite expor desafios e compartilhar a responsabilidade de decisões para situações complexas, enriquecendo o aprendizado mútuo e abrindo novas perspectivas para o tratamento individualizado. Essa troca contribui para a tomada de decisões mais precisas, beneficiando diretamente os pacientes”, afirma o radiologista.

Em entrevista, o Dr. Leonardo Brand explica como surgiu a ideia do encontro e o porquê ele é tão importante para os pacientes e para o HMT. 

De onde surgiu a necessidade de fazer uma reunião semanal para analisar os casos dos pacientes oncológicos do HMT?

O câncer de pulmão sempre foi um dos cânceres de maior letalidade no mundo, então antigamente, um paciente com doença avançada tinha uma perspectiva de vida muito pequena. Com o tempo, foram sendo descobertas novas estratégias de tratamento e medicamentos e percebemos que que a doença não é a mesma em todo mundo. Existem vários tipos diferentes de câncer de pulmão, e mesmo cada tipo diferente tem outras subdivisões. 

Dessa forma, percebemos que não existe um médico só capaz de dizer qual é o tratamento a ser feito. Resolvemos unir um grupo de médicos englobando várias frentes e daí surgiu a ideia das reuniões multidisciplinares, as quais várias especialidades opinam com o seu nível de conhecimento sobre aquele caso específico e o grupo chega à conclusão de qual melhor conduta ter com o paciente. 

Por isso, hoje consideramos o tratamento como uma terapia individualizada. Identificamos muito bem qual o subgrupo aquele paciente se encaixa para conseguirmos oferecer o melhor tratamento possível, mais personalizado.

E como aconteceu a escolha da coordenação do encontro?

Para uma reunião com um grupo grande de pessoas acontecer, precisamos delegar função de coordenação. Já tínhamos um exemplo aqui no hospital, que funciona há 30 anos, que é a reunião multidisciplinar da pneumologia, e adaptamos para a oncologia torácica.

Vimos que a figura de alguém que está sempre coordenando a reunião, quem fala o horário, qual caso vai ser discutido, alguém tinha que assumir essa função e eu comecei dessa forma por uma questão de praticidade mesmo. Eu estou no hospital todos os dias e em contato com todas essas outras especialidades, então eu comecei coordenando e continuo até hoje. 

Mas, é importante lembrar que o coordenador não tem a função de ser a palavra decisiva no caso do paciente, a palavra decisiva é do grupo. Ele tem simplesmente a função de fazer a reunião funcionar. 

Como são discutidos os casos e como a reunião funciona?

A reunião acontece online, todas as sextas-feiras, de 7h às 8h da manhã, dura exatamente uma hora impreterivelmente e a discussão dos casos é bem objetiva. Quem leva o caso, leva uma apresentação muito sumária que são as dúvidas específicas naquela condução. Discutimos diagnóstico, qual o estágio do câncer, qual melhor estratégia e, como são muitos pacientes, discutimos muitos casos mais de uma vez. E não falhamos. Literalmente toda semana fazemos, independente se é feriado, se não é, porque o paciente precisa ser tratado, né? Então, o grupo funciona.

Quais são as especialidades envolvidas e quantas pessoas participam?

Temos cirurgia torácica, oncologia, radiologia, radiooncologia, patologia, pneumologia, medicina nuclear, cuidados paliativos e as concierges, que são quem vão conduzir os pacientes por todas essas áreas que a gente definir.

Via de regra, participam de 15 a 20 pessoas como uma rotina. Dependendo do caso, às vezes outros colegas vêm, nos procuram até de outras cidades de outras regiões. E pela facilidade de ser online, eles têm a liberdade de apresentar o caso deles na nossa reunião. É uma solicitação de ajuda mesmo. E o interessante é que nossa reunião ela é oficial do HMT, feita pelos meios oficiais, gravada, fica um documento oficial do paciente. Então, podemos recorrer às gravações para ver o que foi discutido naquele caso, temos todo esse cuidado não só científico, mas prático e resolutivo. 

Quais são os benefícios para o paciente de um encontro como esse com decisões tomadas em conjunto?

O benefício para o paciente é inquestionável, porque já existe uma série de trabalhos científicos mostrando que o paciente que tem seu caso discutido em uma reunião multidisciplinar vive mais com os tratamentos oferecidos. 

Conseguimos também um diagnóstico mais rápido e de menor custo, porque ele é direcionado especificamente para aquilo que vai dar resultado para o paciente. Além disso, ele se sente muito seguro, uma vez que sabe que tem um grupo de médicos qualificados que estão tratando dele e todas essas pessoas envolvidas já conhecem o caso porque passaram pela reunião a qual todos opinavam. Então, não tem o risco de ele chegar e ter alguém que vai falar algo diferente daquela pessoa que encaminhou, porque já foi tudo organizado antes. 

E os benefícios para o serviço do HMT?

Para o serviço também é excepcional, porque à medida que reunimos um grupo de diversos especialistas, começamos a detectar quais são as dificuldades que cada um desses colegas passa, dificuldade inclusive estrutural que possa ter no setor, e aí vamos chegando às soluções de como resolver esses problemas estruturais. Percebemos que todo o serviço de oncologia cresceu muito, a reunião foi algo muito importante, não tenho dúvida.